O livro é passaporte, é bilhete de partida.
Bartolomeu Campos de Queirós

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Leitura na infância é tudo


Segundo a especialista em Literatura Infantil e Juvenil pela UFRJ, Cristiane Madanêlo de Oliveira, tudo o que atua na fase do desenvolvimento da criança é importante na formação de um indivíduo, inclusive a leitura.

Qual a importância dos livros na infância?
Na verdade, o que realmente é importante na formação de um indivíduo é a infância e tudo que atua nessa fase do desenvolvimento humano, inclusive a literatura. Desde que ascende socialmente a burguesia como classe social, a construção de valores na infância foi priorizada. Afinal, era muito mais fácil incutir ideologias num ser em formação do que ter de mudar um adulto com opiniões já definidas.             

Sendo assim, criou-se a chamada literatura infantil que, desde sua gênese, esteve atrelada a fins pedagógicos, isto é, a serviço da divulgação dos ideais burgueses. Esse referencial histórico acaba por ratificar a relevância da literatura no comportamento dos indivíduos, sobretudo no que concerne à literatura infantil.

Qual a idade mínima para uma criança começar a ter contato com os livros?
Não há como afirmar uma idade específica para um primeiro contato com livros na infância, pois o amadurecimento de cada indivíduo segue uma sistemática diferenciada. Ainda assim, durante a fase pré-leitora, já se pode investir num futuro leitor.

Há vários tipos de livros de pano e de banho que podem integrar o grupo de brinquedos da criança desde que ela consegue pegar objetos. Além de associar a ludicidade à leitura, o contato natural com o objeto livro já se constrói de maneira natural.

Qual o papel dos pais no gosto da criança pela leitura?
A influência dos adultos na formação de uma criança, em todos os aspectos, é de suma importância. Não se pode dizer, entretanto, que pais não-leitores formarão necessariamente filhos que não se interessem pela leitura. Pode haver a sedução pelo mundo da leitura em qualquer idade e a formação escolar também tem um papel importante nesse processo.
         
Dar um livro de presente não significa incentivar à leitura necessariamente. Assim como acontece com os brinquedos, a criança, e por que não dizer os adultos, desejam compartilhar. Conhecer os livros que fazem parte da realidade infantil e juvenil, além de favorecer o diálogo entre pais e filhos, mostra que a leitura se faz de um momento solitário e de muitos momentos para compartilhar as experiências vivenciadas naquele livro.
         
O que não se pode fazer é associar o ato de ler como um castigo ou algo que represente algum tipo de punição. Com certeza, relacionar leitura com obrigatoriedade não é um bom caminho para incentivar a leitura.

Quais atitudes dos pais vão incentivar o gosto dos filhos pela leitura?
A descoberta da magia da leitura se dá numa fase em que a ligação entre pais e filhos ainda é muito grande. Por conta disso, o afetivo está intimamente envolvido com esse processo. Se o momento de leitura na infância se associa a momentos de prazer, forma-se uma relação positiva com os livros, que é o embrião de um adulto leitor. Compartilhar leituras é importante para que ler seja associado a um prazer e não a um dever.
         
Muitas vezes, percebe-se que crianças imitam as atitudes dos pais, seja no desejo de passar batom ou de fazer a barba. O que rege essas atitudes é o desejo de ser partícipe do mundo que os pais integram. Se a rotina dos pais incluírem a leitura, parecerá para a criança natural e bom o ato de ler.

O interesse dos pais em conhecer e debater sobre os livros representa interesse por aquele mundo da criança. O fenômeno Harry Porter aproveitou esse viés ao criar uma propaganda que incitava certa competição entre pais e filhos, para saber quem iria ler primeiro o último lançamento da série, mesmo que ele tivesse mais de 300 páginas.

Na idade adulta, como se reflete a diferença entre uma pessoa que leu na infância e outra que não teve esta oportunidade?
Todas as formas de arte, incluindo a literatura, favorecem que os seres humanos experienciem e se preparem melhor para enfrentar situações reais e frustrações, se elas efetivamente ocorrerem.
         
O livro Psicanálise nos contos de fadas, de Bruno Betleheim, versa sobre a importância dos contos de fadas no desenvolvimento da psiquê humana. Por exemplo, a simples existência da divisão simbólica da figura materna em duas faces - fada e bruxa - trabalha a relação de culpabilidade que uma criança sente diante de uma atitude de raiva, por uma interdição da mãe em função de alguma situação.
         
Além das exigências de formação cultural variada que o mercado de trabalho vem impondo, um leitor mais efetivo pode-se preparar melhor para enfrentar as adversidades da vida, não só no campo social, mas também nos níveis emocional e psicológico. O livro é mesmo um par de asas para voar para mundos desconhecidos e outras realidades. Machado de Assis, de origem humilde, escreveu com mestria sobre vários lugares da Europa, sem ter estado no Velho Mundo.

Qual o tipo de literatura mais adequada para cada faixa etária, até os 12 anos aproximadamente?

Primeira infância (15/17 meses aos 3 anos)

Nessa fase, a criança descobre seu corpo e começa a manipular objetos. É a curiosidade da curiosa idade! Nessa etapa, o livro só pode representar um brinquedo, mas favorece o surgimento de uma relação positiva com o objeto livro.        

Algumas histórias bem curtas, já podem ser introduzidas por um adulto leitor, mas sempre com o apelo das cores, dos sons. Com a descoberta do filão do público infantil, as editoras investem bastante na criação de livros cada vez mais interativos.

Segunda infância (3 aos 6 anos)

Para essa faixa etária, a linguagem é a grande conquista e o veículo de interação com o mundo e com os outros. Essa é a famosa fase dos porquês, do germe da formação de um senso crítico. Pode-se utilizar livro com textos, mas o predomínio deve ser das imagens, pois a criança ainda não lê. A relação com a leitura pode ser, inclusive, instigada pelo desejo de ter autonomia para decifrar o mundo das letras sem intermédio de um adulto.
         
Muita colaboração na formação dos conceitos de base psíquica pode ser oferecida por contos de fadas, tradicionais ou modernos. Como a brincadeira com as palavras é um atrativo, há várias poesias que trabalham a sonoridade de fonemas, as rimas, as trocas silábicas, os sentidos modificados por essas trocas. Deve-se, também, inserir pequenas estruturas narrativas, mas nada muito complexo ou demorado.

Terceira infância (a partir dos 6 anos até a adolescência)

Momento mágico da aquisição da leitura, sobretudo porque a maioria das sociedades tem base cultural grafocêntrica, isto é, fundamentada na escrita. O processo de escolarização é recomendado para se iniciar nessa faixa etária e essas conquistas extrapolam o mundo mais restrito a casa e à família da criança para ganhar a coletividade.

As histórias de aventuras costumam fazer sucesso nos primeiros anos, principalmente porque levam os heróis a conquistas individuais, sem intermédio de familiares, muitas vezes só com valentia e magia. Novas realidades espaciais também têm feito muito sucesso, bem como outros mundos, como é o caso de Neverland (Peter Pan), Hogwarts (Harry Porter), País das Maravilhas (Alice), dentre muitos outros.


Artigo retirado e editado de CRISTIANE MADANÊLO DE OLIVEIRA. "ALMA GÊMEA - LEITURA NA INFÂNCIA É TUDO" [online]

Disponível na internet via WWW URL: http://graudez.com.br/litinf/trabalhos/2006-almagemea.htm

Capturado em 5/10/2011
Fonte das imagens: http://multiplasrealidades.blogspot.com/2010/02/educar-e-contar-historia.html, https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtIJM4trRNbeowqHq6boYP7Ay2OVfyhyphenhyphengeA2KcFCdYV_ctfQEZtGWPhXDGX7wSipxrgGC05-q17Q0mB53bowxLPFZKLp7p00CN3wfsgcean2bKlCO5jeRKKV4PB3eZHhVDFwceNBXRz2Ky/s1600/trono-leitura.jpg

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